A Semana Mundial das Águas fez o Converge Amazônia ecoar ainda mais forte, amplificando o diálogo sobre os desafios e soluções para a preservação dos recursos hídricos, e consolidando a importância da colaboração entre povos, comunidades, instituições e setores para proteger o nosso maior patrimônio: a água e a vida que ela sustenta.

Semana Mundial das Águas do Converge Amazônia: rumo à Cúpula dos Povos e à COP 30

A Semana Mundial das Águas do Converge Amazônia (17 a 22 de março de 2025) foi um marco na mobilização pela justiça hídrica e climática, reunindo lideranças indígenas, comunidades ribeirinhas, ativistas, pesquisadores, artistas, empreendedores e representantes dos setores público e privado. O evento fortaleceu o debate sobre a governança das águas na Amazônia e conectou vozes e ações em direção à Cúpula dos Povos e à COP 30, destacando o protagonismo amazônico na agenda ambiental global.

Desde o primeiro dia, o Salão Rio Solimões foi palco de momentos marcantes, com plenárias vibrantes, painéis interativos e manifestações em defesa das águas. A abertura contou com falas inspiradoras de lideranças socioambientais, destacando a urgência da proteção dos rios e a centralidade da Amazônia na crise climática global. O entoar do grito do Converge Amazônia emocionou o público, simbolizando a união e a força coletiva pela preservação dos territórios e modos de vida amazônicos. As exposições de fotografia, como a mostra "Água", e a feira de empreendedores de economia criativa e solidária trouxeram um olhar artístico e inovador sobre a relação entre sustentabilidade e cultura na Amazônia.


Um encontro de vozes, resistência e ações

No segundo dia, o evento se expandiu para o Auditório Rio Negro da UFAM, reunindo especialistas, pesquisadores e representantes de órgãos como o Tribunal de Contas do Estado, para discutir governança hídrica e políticas públicas para a água na Amazônia. Os debates apontaram desafios como a contaminação dos rios, o avanço do desmatamento e a falta de acesso a saneamento básico em comunidades isoladas.

Um dos momentos mais emblemáticos foi a leitura da Carta-Protesto por lideranças panamenhas, denunciando as ameaças crescentes aos territórios tradicionais diante do avanço da crise climática e do extrativismo. Em sintonia com essa pauta, a Rede GTA convocou um manifesto contra a exploração de petróleo e gás na Amazônia, reforçando a luta contra projetos que ameaçam os ecossistemas e modos de vida tradicionais.

Construção de propostas e fortalecimento de redes

O terceiro dia, sedeado no Salão Nobre do Palácio Rio Negro, consolidou o evento como um espaço de construção de propostas para a agenda climática. As rodas de conversas, painéis interativos e tribunas de debates reuniram especialistas e representantes de diversos segmentos para discutir soluções para os desafios hídricos da Amazônia.

A Carta Aberta e Democrática, documento que expressa as demandas dos povos amazônidas para a agenda climática global, começou a ser formulada com contribuições coletivas. Esse documento será uma peça fundamental para incidência política na Cúpula dos Povos e na COP 30, garantindo que as vozes amazônicas sejam ouvidas nos espaços de decisão global.

Além do debate técnico e político, a cultura e a economia criativa tiveram papel central na programação. A exposição Glamazon, por exemplo, destacou o trabalho de empreendedores solidários e criativos, demonstrando como a arte e a produção cultural amazônica podem ser vetores de desenvolvimento sustentável e resistência socioambiental.

A pauta da mulher e empreendedora amazônida também teve espaço de destaque. Uma roda de conversa com mulheres empreendedoras de impacto fortaleceu o protagonismo feminino na construção de soluções para os desafios sociais e ambientais da região. A troca de experiências entre empreendedoras, líderes comunitárias e pesquisadoras reforçou a importância da equidade de gênero na transição para um modelo econômico mais justo e sustentável.

Conclusão do ato com fé, espiritualidade, luta e ancestralidade pela água e pela vida que esta sustenta

O encerramento da Semana Mundial das Águas foi marcado por um dos momentos mais simbólicos e potentes do evento: a Romaria das Águas, com o tema: ''Nossas vozes na COP 30'', realizada no Encontro das Águas do Rio Negro e Solimões, promovida pelo Fórum das Águas Amazonense. Esse ato espiritual e ancestral reafirmou a conexão dos povos da floresta com seus rios e territórios, destacando a água como um bem comum, sagrado e direito fundamental.

A Romaria também trouxe para o centro do debate a luta urgente pelo acesso à água potável e saneamento básico, direitos negados a milhares de comunidades amazônicas. O ato, carregado de emoção e força coletiva, simbolizou o compromisso contínuo do Converge Amazônia em proteger os rios, fortalecer os territórios e garantir a soberania hídrica dos povos amazônidas. Mais do que um evento, a Semana Mundial das Águas do Converge Amazônia consolidou-se como um movimento contínuo que articula saberes, propõe soluções e fortalece redes de resistência e transformação. Com a Carta Aberta e Democrática, as mobilizações contra o extrativismo predatório e o fortalecimento da economia criativa, o evento reafirmou que a defesa da Amazônia é uma missão coletiva, global e urgente.

O caminho rumo à Cúpula dos Povos e à COP 30 está traçado, e a Amazônia seguirá sendo um território de resistência pela vida, inovação e sustentabilidade. Seguimos convergindo forças, construindo alianças e garantindo que a água continue sendo um direito de todos e uma fonte de vida para as futuras gerações.

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