Mais de 60 organizações navegaram até o Encontro das Águas dos rios Solimões e Negro para manifestar sua incondicional defesa das águas, um bem comum essencial à vida no planeta. "Na terra sagrada de Ajuricaba, no coração hídrico do mundo, onde esses gigantes se encontram e as águas que nascem como goteira dos Andes fluem pelos povos e territórios até aqui, o segredo da unidade na diversidade é revelado. A voz da terra e da água se levanta e os filhos e filhas das águas e das florestas ouvem o seu chamado e o amplificam", poetizou Mateus Amazônia, representante do Converge Amazônia, durante o evento.

2ª Romaria das Águas: Nossas Vozes na COP 30!

No último Dia Mundial da Água, 22 de Março, o Converge Amazônia reafirmou seu compromisso com a preservação e defesa dos rios, igarapés e lagos que sustentam a vida na Amazônia e no planeta. A água, fonte de existência, cultura e identidade dos povos amazônidas, esteve no centro das discussões e mobilizações, reforçando a necessidade de sua proteção coletiva.

Neste ano, fortalecemos a 2ª Romaria das Águas, promovida pelo Fórum das Águas, em um ato de fé, resistência e esperança. No território do Encontro das Águas, testemunhamos a grandiosidade e o poder da confluência das águas, dos movimentos e das forças sociais em defesa dos nossos mananciais, cada vez mais ameaçados pelas mudanças climáticas, pela degradação ambiental e pelas desigualdades sociais. Por isso, emergimos na terra sagrada de Ajuricaba para dizer que água e energia não são mercadorias.

Com o tema "Nossas Vozes na COP 30", a Romaria das Águas fortaleceu o debate sobre a crise hídrica e socioambiental na região, evidenciando a importância de uma agenda política comprometida com a justiça climática e a segurança hídrica. O evento também consolidou o papel do Converge Amazônia como um espaço de articulação entre movimentos sociais, comunidades tradicionais, academia e poder público, impulsionando o debate sobre soluções sustentáveis para a Amazônia.

O Encontro das Águas, lugar de confluência de dois grandes rios que formam o Amazonas, simboliza a união dos povos que habitam as florestas, comunidades, aldeias e cidades amazônicas situadas às margens dos rios. A referência ao líder indígena Ajuricaba, do povo Manaós, originário da região onde hoje está Manaus, reforça essa unicidade na resistência. Ajuricaba lutou contra a colonização portuguesa e negou-se à escravidão, tornando-se símbolo da luta dos povos indígenas pela liberdade no século XVIII.

Atualmente, os povos da Amazônia resistem espelhados na ancestralidade diante dos ataques ao bioma e suas diversas formas de vida. Assim como a escravização colonial utilizava e negava vidas humanas para explorar recursos naturais, hoje os poderes econômico e político subjugam as populações amazônidas com a finalidade de explorar sem critérios de sustentabilidade as riquezas da região. Diante desse cenário, a Romaria das Águas emerge como um grito coletivo em defesa da vida, da dignidade e da justiça socioambiental.